05 novembro, 2015

Dedicatória


Em todos esses anos, todas as histórias felizes que tentei escrever com alguém não deram certo. Atirei inúmeras folhas de papel amassado no lixo, manchei meu tapete com tintas de caneta que estouraram quando, por incontáveis vezes, a outra mão resolvia jogá-la no chão, comprovando a desistência de criar um livro cheio de risadas, sonhos e amor. Até um calo no dedo de tanto insistir em escrever sozinha também tive no meu dedo anular.

Mas como quem desaprende a escrever, chegou um dia em que eu desisti, joguei e rasguei todos os meus papéis em branco pelo quarto, atirei todas minhas canetas coloridas pela janela e não conseguia sequer segurar um lápis ou ler uma folha cheia de palavras.

E aí você chegou como uma feiticeira que sabia identificar quando alguém estava derrotado e exausto de sonhar com contos que nunca sairiam sequer da imaginação. E com todo o seu brilho, você se empenhou e conseguiu arrumar toda a minha bagunça romântica literária e começou a escrever este novo livro sozinha.

Quando me deparei, eu é quem estava jogando a caneta no chão dessa vez, manchando toda a história que você projetava. Foi nessa hora que eu levantei e te mostrei que eu ainda guardava comigo uma caneta bic de quatro cores e perguntei se você se importaria em dividir comigo as páginas em branco para escrever esse romance a duas mãos e com um pouco mais de cor além do azul que você estava usando.

Você sorriu e o branco dos teus dentes iluminaram o túnel dentro do meu coração e suas palavras não precisaram sair da boca para me dizer que não se importava nenhum pouco em escrevermos essa história juntas.

Eu, que já estava acostumada a voltar para o chão logo depois de começar a flutuar em sonhos e pensamentos para transcrever durante a vida, ainda estranho, vez ou outra, esse voo constante que é dividir a escrita do mais lindo livro da minha vida contigo, que além de me levar para longe do chão, trouxe também a mágica dos contos de fada para a minha vida.

E é por isso que lhe dedico este texto: por dividir a caneta, as páginas em branco, a mesa e misturar a tua caligrafia com a minha.

Entre sorrisos

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Em certo filme que muita gente já viu e compartilhou pelos quatros cantos das redes sociais e da vida, aprendi que “happiness is only real when shared” (ou seja: a felicidade só é real quando compartilhada). E é sobre isso que eu queria compartilhar com vocês, mas mais especificamente nos relacionamentos – amorosos ou não.

Quem nunca ficou tão feliz com alguém que, de tanto rir, a barriga doeu e, assim, só se sentiu ainda mais feliz? Aliás, quer felicidade mais louca do que essa que faz a barriga doer? Se me contassem dessa felicidade sem nunca a ter sentido, chamaria a todos de loucos. E quem nunca compartilhou momentos únicos com amigos, familiares ou namorado(a) que, só de lembrar, os cantos da boca se mexeram instantânea e involuntariamente, esboçando um sorriso em meio à seriedade da planilha do excel aberta na tela do computador?

Já li em algum lugar que você encontrará alguns amigos com facilidade quando estiver com problemas e dificuldades, mas que os amigos ou as companhias verdadeiras serão somente aquelas que conseguirem te acompanhar também durante os dias de Sol. Afinal de contas, quantas pessoas encontramos por aí que se deliciam simplesmente pelo prazer de nos verem por baixo? Inúmeras. Por isso eu aprendi desde cedo com a minha mãe que, por exemplo, depois de uma entrevista de trabalho, até ter o resultado final, não devemos fazer alarde. Muitos são os que nos querem longe do sucesso, poucos são os que nos acompanharão faça chuva, arco-íris ou um dia azul.

Mas, ainda mais alegre que todas as felicidades escritas e descritas pelos poetas mais inteligentes e românticos, quando o teu riso ecoa no meu sorriso, me sinto plenamente no paraíso.

Entre brincadeiras, conversas sérias e olhares enigmáticos, o teu riso é o som que eu poderia ouvir por todo o resto da minha vida. Ainda melhor do que compartilhar a felicidade, é dividir o motivo de todos meus sorrisos contigo.

Ser tia e espalhar felicidade


Quando eu soube que você iria chegar, confesso que não fui muito entusiástica, mas não pense que era porque eu não queria te conhecer… Eu apenas ansiava tanto a sua chegada que eu não sabia sequer como reagir instantaneamente. Eu meio que não acreditava que iria ser tia.

E então você chegou naquele dia 11 do primeiro mês do ano de 2011 e quando eu a conheci, eu não tinha intimidade para ousar te pegar no colo. Eu queria cuidar de você, mas não sabia se as minhas mãos iriam saber te cuidar da forma que merecia e sem te machucar, já que você era tão pequenina e frágil. Aos poucos, fui me soltando, você também, e em um carinho sincero na sua nuca, vi o seu primeiro sorriso e o meu coração se derreteu.

Os dias passavam e era comum ter a casa cheia de brinquedos pelo chão aos finais de semana e eu aprendia cada vez mais que o amor é bem mais puro e leve do que eu jamais havia suposto. Não é um amor de mãe ou pai que tem que se manter firme para educar, nem tampouco um amor de avó que só quer mimar… Esse amor de tia é um amor que mistura todos esses amores, proteções, mimos e um pouco mais.

Eu, acostumada com um sono rígido e longo, não me importava em acordar às seis horas da manhã para ser sua babá por algumas manhãs. Na verdade, era bem mais alegre do que dormir até às onze. Inventar brincadeiras se tornou rotina nos meus dias só para te fazer sorrir. Afinal, esse foi o papel que eu designei pra mim mesma: fazer-te sempre feliz – até mesmo às três da manhã, no meio do meu sono, quando a vovó não conseguia te fazer dormir.

Aprendi que quando se é tia, não importa se você saiu ontem à noite e está de ressaca, você vai acordar cedo e vai encher um milhão de bexigas para o aniversário de um ano que sua sobrinha ou sobrinho sequer vai lembrar. Assim como também não tem importância fazer um papel de “ridícula” e tirar foto fazendo pose da Margarida ou sair com o cabelo bagunçado nela porque ela ou ele está nos seus ombros vendo o mundo do alto. O que importa, na verdade, é o sorriso dela ou dele.

Quando você aprendeu a andar, eu aprendi também que cada conquista sua me fazia sorrir e compartilhar isso com todo o resto do mundo. Confesso que devo, inclusive, ter cansado alguns ouvidos de tanto falar de ti, mas era inevitável.

Descobri que ser tia não importa se tens cinco ou cinquenta reais no bolso, mas o que tens será transformado em um pouquinho de demonstração de amor para que o seu sorriso vá de orelha a orelha (desde um sorvete, pescaria em Festa Junina, balões da Minnie, bonecos Little Poney ou seu primeiro patins).

Graças a você, eu pude saber o quanto é divino ter uma criança adormecida em meus braços após um dia cheio de risos, brincadeiras, escorregadores e balanços. Mas, acima de tudo, eu aprendi que quem exerce o papel de tia nessa vida o recebe para espalhar felicidade sem fim a esses seres pequeninos.

E eu, como tia, queria declarar que o que eu puder fazer para te proporcionar os momentos mais felizes da sua infância, adolescência e até mesmo juventude, eu farei – até mesmo voltar à minha infância e brincar na piscina com você e suas amiguinhas, fantasiando que sou a mãe sereia de vocês. Afinal de contas, você é a princesa mais linda desse planeta.

Avisa o papai e a mamãe que eu ainda espero pelo dia em que te levarei para conhecer o mar de Florianópolis e passaremos o dia construindo castelos de areia que o mar levará e eternizará embaixo do oceano, junto com esse laço imensurável de amor que criei por ti, minha menina feLiz.

O que tem de ser, será


Durante todos esses anos, nunca me convenci completamente que nossa vida fosse regida pelo Destino – Deus, acaso ou coisa parecida –, mesmo acreditando um pouco nessa verdade. Até você chegar.

Sempre acreditei, sim, que conhecemos determinadas pessoas por algum motivo – as especiais, principalmente – e que nem todas irão permanecer ao nosso lado até nosso último suspiro… Mas constantemente mudamos de opinião e ideias – sem contar a imensidão de escolhas erradas que fazemos durante o percurso também –, então quem garante que aquilo que escolhemos pra viver realmente foi destinado a nós?

Meu sonho sempre foi morar no sul no país, mas que essa aspiração me traria tantas outras realizações eu jamais poderia supor. Quando, desde 10 anos atrás de desejos de vir pra cá, que eu iria imaginar que acharia uma vaga exatamente naquilo que eu gosto e com um bom salário para quem acabou de se formar e tinha 23 anos e, dias antes desse processo seletivo, um conhecido me levaria até sua irmã – e amiga sua –, que viria a ser uma breve “housemate” e me traria você, que sempre esteve tão perto mas o Destino não conseguia nos apresentar? Nunca.

E eu, tão focada única e exclusivamente em exercer o papel que escolhi para mim de ser uma funcionária exemplar e agradecer todos os dias ao Universo por ter me impulsionado a me arriscar e vir pra cá, coloquei uma venda para fingir que não via você. Eu não podia sair do caminho que tracei pra mim mesma. Eu não queria sair do que eu havia planejado pra mim mesma.

Mas como já diria um de meus escritores favoritos, “o que tem de ser tem muita força” (ABREU, Caio F.) e essa força invisível aos olhos e essencial ao coração me fez cair de amores diretamente nos seus braços.

E nunca uma queda me fez tão feliz.

Embora as diferenças gritantes, o signo mais louco te regendo e a teimosia te seguindo mesmo você mandando ela embora, como um ímã, fui atraída para cada vez mais perto de ti, até morar dentro de você e construir sua moradia aqui dentro de mim também.

Eu sei que não sei e não consigo falar muito – foram muitos os traumas que me colocaram nessa minha concha canceriana que me mantém segura de tudo –, mas do pouco que falo, é um muito do tudo que carrego em mim por ti. Mas você não precisa ter medo dessa minha concha protetora… Já te coloquei embaixo dela, junto de mim. Assim, nadanos atingirá, meu amor.

Você diz que eu posso ficar o tempo que eu quiser por aqui, sempre insistindo que também posso ir quando eu quiser… Mas deixa eu te contar um segredo: eu quero ficar o tempo todo ao teu lado até o tempo do mundo acabar. Pode ser?

Que o Destino continue a agir e tomara que aja para que continuemos assim… Tão perto que te sinto junto de mim mesmo longe.

Obs.: Espero que vocês todos deixem o Destino agir sobre a vida de vocês.
Desconstruam o que vocês julgam ser feito pra vocês e aceitem o que de fato é. ♥

07 agosto, 2015

Permita que a tristeza te faça feliz


Sabe por que a tristeza é triste? Por causa de você – e de mim, também. Nós fugimos tanto dela, a transformamos tanto nesse monstro desprezível e errado de sentir dentro do coração que de maneira alguma ela poderia ser diferente.

Já a alegria não, ela é sempre exposta, gritada e declarada em cada foto no Instagram ou em cada status atualizado no Facebook. Vai ver é por isso também que nós ainda nos irritamos tanto com a felicidade alheia, né? Mas por que cargas d’água definiram um sentimento como bom e outro não? Cada um tem o seu papel dentro de nós e cada papel é essencial para sermos quem somos.

Desde criança, os meninos são instruídos a “engolirem o choro” porque isso é coisa de menina. E nós, mulheres, quando desaguamos pelos olhos logo ouvimos “está de TPM?” ou “para de mulherzice”. Mas, oras, quem foi que inventou que aceitar e demonstrar a tristeza é errado?

Da mesma maneira que a felicidade nos proporciona lembranças de ouro – a primeira vez que você sentiu um frio na barriga por alguém, ou a primeira vez que você viu um show da banda da sua vida, ou, então, aquele sábado à noite em que você não ia sair de casa e, em um piscar de olhos, se transformou no melhor dia da sua vida – e que carregaremos eternamente, a tristeza também é quem nos leva a sentir a felicidade mais intensamente e a fortalecer cada pedaço de quem realmente somos.

Ou vai me dizer que os meses de luto após o término de um namoro que você costumava considerar como o amor da sua vida, ou a cada vez que a vida te derrubou só pra te deixar mais forte e mostrar que, talvez, outro caminho foi feito pra você, não te trouxe ensinamentos mais valiosos do que aqueles que aprendemos enquanto sorrimos?

É lindo ser feliz e não carregar um sentimento de que falta algo na sua vida, mas é mais lindo ainda você se aceitar tanto, aceitar todos os seus sentimentos, a ponto de molhar o seu travesseiro à noite e mostrar ao mundo seus olhos inchados de uma noite mal dormida.

Então o meu conselho para todos aqueles que fogem diariamente das batalhas travadas com as suas infelicidades interiores é uma só: aceite, deixe os olhos transbordarem até inundar o seu coração e, acredite, serão esses dias escuros e cinzas que farão você chegar aos pores-do-Sol alaranjados em frente ao mar.

Sabe por quê? Porque um sentimento só vai embora depois de transbordar. Enquanto você engolir o choro e acreditar que você tem que ser feliz todos os dias da sua vida, você vai ser tudo, menos feliz.

Bagagem emocional

Demonstrar é tirar tudo de dentro e colocar à mostra. 
E tudo que se mostra é muito arriscado.



Você já parou para pensar que todos nós carregamos, diariamente, bagagens emocionais? É, isso mesmo. Uma mochila, uma mala ou uma bolsa similar a essas que você leva todo dia para o trabalho – depende do quanto você está disposto a carregar.

E nós, seres humanos acomodados e nada dispostos a trocar aquela mochila velha e surrada por uma nova porque “eu gosto tanto dessa mochila, eu conheço cada bolso dela, cada zíper quebrado”, preferimos continuar carregando nossas bagagens emocionais pesadas e surradas do que encostá-las e pegar uma mais leve.

Convenhamos, é muito mais fácil continuar carregando aquela mala que você sabe que pesa e machuca exatamente na mesma proporção de ontem do que ousar trocar por uma mais nova a qual você não sabe se vai machucar o seu ombro ou não. O novo amedronta.

Mas, cedo ou tarde, da mesma maneira em que você para de usar um sapato, pois a sola saiu de tanto usá-lo, você – e eu também – tem que se livrar dessa bagagem que não serve mais para guardar nenhum sentimento bom.

Recentemente eu fiz uma limpeza sentimental dentro de mim e, me desculpa, coloquei aquela bolsa surrada que você me emprestou com uma dose de amor dentro do meu baú imaginário com tudo que poderia ter sido e não foi. Decidi deixar pra lá essa ideia de carregar você comigo de um lado pro outro. Não posso – e nem quero – te apagar da minha história, mas deixei as páginas desse livro em cima da estante para juntar pó.

Larguei minhas bagagens emocionais que tanto pesavam e abri espaço para quem estiver disposto a encher-me de leveza, risos e borboletas no estômago. Quem sabe não é você, se aceitar me carregar contigo.

Ah, teus olhos verdes




Quer saber um segredo, que talvez eu nunca tenha contado pra ninguém? Eu sempre quis ter um amor com a cor dos olhos esverdeados. É, igual a esse teu que ainda não se cansou de olhar para os meus com cor de terra.

Sempre ansiei pelo mergulho nesse mar que alguns carregam no olhar, mesmo que todos meus amores antigos só tenham me oferecido o chão, não o pulo nessas águas lindas que vejo sempre quando meu olhar cruza com o teu.

Mas, ao contrário de todas minhas expectativas, esse teu mar é calmo e doce. É tão bom não ter que me manter alerta o tempo inteiro enquanto nado em ti, como se fosse me afogar, muito menos fechar os olhos e a boca para que o sal não me deixe ainda mais amarga. Sua doçura sai por todos os lados e só me faz te querer ainda mais.

Às vezes me pergunto se até suas lágrimas têm o gosto adocicado. Devem ter. Menina, queria te dizer que você é pura poesia. E, como todo verso declarado, esbanja alegria, pureza e suavidade por onde quer que passe.

Aprendi com o tempo que, assim como nas refeições, na vida devemos manter o nosso sabor em equilíbrio. Não se endurecer demais, não se amolecer de menos. Para pessoas como eu, extremistas, difícil chegar nesse ponto, mas não impossível.

De repente o teu sabor, misturado com o meu, seja o ponto perfeito para não nos estragarmos mesmo que o tempo passe. Diga-me o que gosta que eu procuro a receita. O que for do teu agrado, assino embaixo.